sexta-feira, 18 de abril de 2008

Noites...

Será que quero mesmo ter filhos?

Comecei a pensar nisso a partir da primeira noite pós-cirugia da Fabíola. De lá pra cá tem sido uma sucessão de noites mal-dormidas que parece infindável. E isso porque a Fá acorda à noite e precisa de cuidados rápidos. Imagine um ser berrando no meio da madrugada, a cada 2 horas em média querendo mamar no meu peito. Será que ainda tenho pique pra isso nesta altura da vida? Meu amigo Edu Cruz diz que sim, mas sinceramente... Tô brincando, lógico. :)

As noites no hospital foram as piores. Na primeira noite a pobre da Fá não se agüentava de dor... no calcanhar! Quem diria? Um músculo abdominal despregado e "dobrado", um peitoral cortado e uma mama a menos e a menina tinha dor no calcanhar. Segundo os médicos foi porque ela ficou com os pés imóveis numa mesma posição por muito tempo. O fato é que a dor era tanta que ela me pediu pra fazer massagem no meio da noite pra conseguir dormir. Depois tem os enfermeiros que entram e saem, verificam a pressão e a temperatura, dão remédios, perguntam como ela está. Três dias depois tiraram a sonda. Aí foi a maratona da comadre. Não bastasse esse castigo que é ter de usar uma comadre, a medicação intra-venosa com soro fazia a Fabíola produzir um xixi "tele-sena": de hora em hora. A quarta-feira à noite, única noite que minha mãe passou com ela (porque insistiu demais) foi a pior: um xixi a cada meia hora. Cronometrado. O que demorou mais foi 40 minutos depois do anterior.

De volta pra casa a saga continua. Até hoje, mais de dois meses depois da alta, ela ainda não pode deitar nem se levantar da cama sozinha por ordens médicas. Tem noites em que dorme direto, mas tem outras em que ela precisa fazer o que ninguém pode fazer por ela -- mas necessita de uma mãozinha. A comadre ainda está em uso. Pensamos até em personalizá-la com uma Hello Kitty ou uma Betty Boop pra ficar com a cara da dona, mas tenho a ligeira suspeita de que as fábricas de comadres não fazem isso...

Muitas outras noites (inclusive aquelas logo depois da aplicação da quimioterapia) têm mais um agravante: remédios que têm de ser tomados às 2, 3 ou 4 da manhã. Ou seja: se a Fá nasceu de novo com sua vitória sobre o câncer, a fase de recém-nascida vem com todos os "brindes" que normalmente envolvem os primeiros meses de vida. Sabemos que não é fácil. Mas que vale a pena, vale!

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