quinta-feira, 17 de abril de 2008

Cirurgia - parte I

Este blog está ficando muito atrasado. Já faz dois meses que o Alim e a Fabíola passaram por suas cirurgias, e aqui estou eu tentando lembrar as emoções desses dias. Vou ter que resumir pra poder chegar logo ao frescor das experiências atuais.

O que posso dizer é que quando a Fabíola foi ao Hospital Alemão Oswaldo Cruz para a mastectomia, que aconteceu no dia 09 de fevereiro, parecia que ela ia pra uma maternidade. Lá se foi toda a família Buscapé com ela, além do Fernando (namorado dela) e da nossa amiga Lilian, que deu uma carona pra mim e pro meu pai. É claro que houve um pequeno stress relacionado ao convênio antes da internação, mas se não houvesse o convênio não teria cumprido bem o seu papel de encher o saco dos associados. O bom é que, a partir de um dado momento, a briga ficou a cargo do RH da empresa onde a Fá trabalha. Desse abacaxi eu me livrei por um bom tempo.

A Fá chegou ao hospital cercada de carinho, flores e presentes. Nem sei se ela tinha consciência de que era tão amada pela família e pelos amigos -- e que os médicos eram tão fãs dela! Nosso querido dr. Alexandre disse que dava gosto tratar dela, pois era uma pessoa muito "pra cima".

Enquanto minha pobre mãe ficava no apartamento dela no hospital, os outros fomos "distrair" meu pai com um almoço no Bixiga. Na idade dele (77 anos) melhor não se envolver muito. A dupla cirurgia terminou por volta das 22h30. Fomos muito bem tratados no hospital pelo corpo de enfermagem e todos os médicos passaram no apartamento depois de suas respectivas cirurgias pra dizer como tinha sido. Se os médicos em geral soubessem o quanto eles fazem bem a uma família apenas com esse gesto jamais deixariam de fazê-lo. Pena que nossos queridos são exceções. Pra saber o quanto dói uma saudade eles via de regra têm que passar por cirurgias complicadas nas próprias famílias, senão acham que família de paciente é tudo gente neurótica que tem prazer em atormentar médicos.

A Fá voltou para o quarto perto da meia-noite com dois drenos. Sou capaz de jurar que ela parecia um anjo deitada na maca e dormindo (apesar de eu nunca ter visto um anjo). Só posso afirmar que me surpreendeu o quanto ela estava, de fato, bonita. Linda.

Estávamos eu, minha mãe e o Alim no quarto esperando por ela. Depois de uma queda-de-braço que durou quase o dia todo, convenci minha mãe a fazer o combinado e voltar pra casa enquanto eu passaria a noite com a Fá. Em seis dias minha mãe teria que acompanhar o Alim ao hospital para a cirurgia dele e tanto eu quanto a Fá queríamos poupá-la. A sorte é que a Fá, com aquela voz de bêbada e a consciência meio grogue de quem ainda está sob efeito de anestesia, me chamou naquela hora: "Cadê a minha irmã? Ela vai ficar comigo, né?" Convenceu a mãe. Depois disse, no meio de algum delírio qualquer: "Eu vou pegar a minha bolsa e vou embora. Boa noite e boa sorte." E assim nos livramos de um tumor mamário.

Nenhum comentário: