quinta-feira, 27 de março de 2008

Consulta

Acordei renovada na quarta-feira. Nada havia mudado, a não ser uma boa noite de sono. Ou melhor: também havia muitas respostas de amigos pro meu email pedindo orações. Foram muito, muito valiosas e me ajudaram a me reerguer.

A Fabíola estava que era a própria imagem da serenidade. Levava a vida normal e estava cheia de confiança. Não precisou de remédio pra dormir em dia nenhum, ao contrário da irmã.

Na quinta-feira, dia 24 de janeiro, véspera do aniversário de São Paulo, ela e minha mãe foram ao consultório do dr. Arnaldo Urbano Ruiz, mastologista e oncologista. Enquanto isso eu fiquei por aqui resolvendo coisas práticas -- como ir ao banco pra Fá -- e rezando como podia. Na maior parte do tempo isso se resumia a repetir minha palavra de oração (ou mantra) continuamente, a forma de oração mais simples que existe. Não estava rolando fazer oração mental...

A consulta atrasou bastante e elas chegaram em casa tarde. Eu estava agoniada pra ver a cara das duas na hora em que chegassem. Pra surpresa e alívio da minha parte, chegaram conversando. Nenhum rosto inchado, olho vermelho ou voz grave. Mas os prognósticos não eram bons.

Acho que muito da tranqüilidade das duas se deveu ao excelente médico. Quando elas entraram no consultório dele ele não quis olhar os exames que a Fá tinha em mãos pra não ser influenciado. Em primeiro lugar conversou com a Fabíola e disse a ela que não a enxergava como uma mama doente, mas como um ser humano.

Depois da conversa ele foi fazer o exame clínico. Só de apalpar a mama ele adivinhou o tamanho do nódulo, isso sem ter olhado um único resultado de exame. Chamou a atenção dela e da minha mãe também para a pele que repuxava, que eu havia notado semanas antes.

O resumo da ópera é que a Fabíola ia ter que operar, fosse o nódulo benigno ou maligno, por causa do tamanho do dito cujo. Além do tamanho tinha a localização: bem na aréola. Por isso o afundamento do mamilo. De todas as localizações possíveis na mama essa era a pior. O danado escolheu a dedo.

O dr. Arnaldo foi muito humano, mas direto. Advertiu que a possibilidade de o nódulo ser maligno era muito mais alta que de ser benigno. Com muito jeito ele também disse que, caso essa suspeita se confirmasse, não teria como retirar apenas um quadrante da mama por causa do tamanho pequeno da mama da Fá. Ela teria mesmo que fazer uma mastectomia radical. No entanto a reconstrução ocorreria logo depois. Havia um cirurgião plástico com quem ele trabalhava no mesmo consultório. Além disso ele já teria engatilhados o profissional que cuidaria da químio e um psicólogo especializado em pacientes oncológicos, caso fosse necessário. Um verdadeiro trabalho em equipe.

As duas voltaram pra casa munidas de 7 pedidos de exames pré-operatórios. Começaria, então, minha maratona.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Dias de espera

Está coberto de razão quem disse que pior que uma desgraça em si é a expectativa da desgraça. Foi o que aconteceu comigo depois daquele dia 21 fatídico. A Fá se controlou e levantou no horário de sempre (6h10) pra ir trabalhar. Estava decidida a não comentar nada no trabalho até ter certeza de alguma coisa.

Já eu... Antes de dormir, na segunda-feira, sentia como se um trator tivesse passado por cima de mim. Perdi as contas de quantos altos e baixos tive na terça-feira, mas pensava que, contanto que os baixos acontecessem longe da Fá e dos meus pais estava bom. Ia dar pra agüentar. Mas foi difícil. Havia momentos de agonia silenciosa em que o dia-a-dia parecia perder o sentido. Alternei momentos de confiança com outros de quase-desespero, tristeza e uma certa revolta com Deus. Não pelo câncer em si, mas eu perguntava a Ele por quê ela e não eu. Dentro de mim eu dizia: "Senhor, você não está agindo de modo lógico! Eu sou um ano mais velha e tenho mais peito. Por que, então, isso foi acontecer com a Fabíola?" As coisas que pensamos de Deus são quase impublicáveis de tão cômicas e tão íntimas. Revelam aquilo que não queremos ver em nós mesmos.

No final da tarde fui à missa às 17h00 e me forcei a ir à aula de natação. Entre uma e outra mandei um torpedo pro Alex pedindo que orasse por mim, pois eu me sentia prostrada, sem energia pra nada. Ele me respondeu perguntando se eu queria que ele passasse em casa. Na verdade eu não queria. Não queria ver ninguém, falar com ninguém. Estava exausta, queria dormir por dias se fosse possível. Mas o Alex apareceu em casa depois da aula de natação. Minha mãe já tinha vindo de Atibaia pra cá pra dar uma força pra Fá.

Sábio Alex, como sempre. Depois de tudo o que eu disse pra ele sobre como me sentia ele se lembrou de me apontar o óbvio: "É, Cris, tá muito recente ainda. Você não teve tempo de organizar essas coisas dentro de você e é normal que seja assim." É verdade: fazia apenas 24 horas que eu sabia da notícia.

Assim mesmo acho que esse dia foi o auge do meu desespero. Comecei a ler uma reportagem sobre câncer da revista Época que havia ajudado muito o Alim. Lá falavam de uma quimioterapia muito promissora para pacientes de câncer de mama... com nódulo de até 1 centímetro. O da Fabíola tinha dois. Aquilo me parecia um Corcovado, não um nódulo. Liguei pro Rodrigo pra perguntar quanto media o nódulo que tinha sido retirado da mãe dele. Ele disse que era um centímetro e pouco. "E o da Fabíola, que tamanho tem?" ele perguntou. Não tive coragem de falar. Enunciar as palavras "dois centímetros" parecia sentenciá-la à morte. Eu só chorava e pedia oração a ele. Ele passou o telefone para a mãe. "Não fica assim, fia," disse ela. "Não sofre antes do tempo!" Se qualquer outra pessoa tivesse me dito isso acho que não teria surtido efeito. Mas ela... Depois do que ela tinha passado essas palavras soavam vindas "de quem tem autoridade", pra citar os Evangelhos.

Só consegui dormir graças a um comprimido. Já o Alim passou a ter pesadelos diários a partir desse dia. Enquanto o câncer estava com ele, tudo bem. Na Fá já era motivo de sofrimento pra ele. Eis alguém que entendeu bem minha vontade de sofrer no lugar dela.

terça-feira, 25 de março de 2008

Diagnósticos - parte II

Voltei na semana passada de uma viagem de trabalho de 10 dias, três dos quais passados no meio da floresta amazônica. Apesar de não querer estar longe de casa neste período a ausência me fez bem. Por pouco tempo pareceu que as histórias deste blog ficaram a uma distância de várias eras. Na verdade tanta coisa aconteceu nos últimos dois meses que, mesmo que eu ficasse em SP, já dava para ter a impressão de que algumas eras se passaram. No entanto é fácil lembrar do último 21 de janeiro, tal o impacto que teve na vida da família.

Foi uma segunda-feira, exatamente uma semana depois de a Fá ter completado 35 anos. O meu celular tocou pouco antes das 18h00 e eu não consegui atender a tempo. Liguei pra ela de volta mas ela não atendeu. Deliguei o telefone para participar da missa. Lá, por graça de Deus, encontrei meu "eu" masculino: meu amigo-irmão Alex. Ele veio caminhando comigo da igreja até minha casa, enquanto eu via no celular que havia várias ligações não atendidas da Fá. Liguei pra ela de volta. Não atendeu. Até que ela ligou com a voz um pouco turvada: "Cris, estou saindo do consultório do dr. Alexandre. É, parece que o nódulo não é coisa simples." Não vi como ficou minha cara nesse momento, mas o Alex disse que pela primeira vez desde que nos conhecemos ele me viu realmente preocupada.

A Fá chegou em casa com olhos vermelhos. O próprio dr. Alexandre havia levado um susto ao ver o resultado da mamografia. O nódulo havia dobrado de tamanho em três meses.

O dr. Alexandre é do tipo que pra morrer de repente leva três meses. É de uma calma invejável. Nunca nos alarmou com nada. Dessa vez, apesar dos pesares, não foi diferente, mas as notícias em si eram alarmantes. Segundo a Fá, a ficha dela caiu logo que ele viu o resultado da mamografia e começou a fala dele com a seguinte frase: "Fabíola, eu vou ser sincero com você." Já dava pra sentir o que estava por vir. Ele não havia gostado do resultado da mamografia. O comportamento do nódulo estava muito suspeito. A Fá perdeu o chão. Ele foi descrevendo o histórico dos exames dela, mas ela já não ouvia direito. Começou a chorar. No total eles ficaram quase uma hora no consultório e ele a encaminhou para um mastologista e oncologista da confiança dele. Mais tarde ele me disse que é complicado recomendar colegas por causa da expectativa que isso gera, mas que o especialista que ele havia recomendado era o mastologista da família dele. Diz ele que é suspeito para falar do colega e que não tem o menor problema em dizer que, nessa área em particular, o colega é melhor do que ele. (Semanas depois eu descobri que o próprio dr. Alexandre foi considerado um dos melhores ginecologistas do Brasil por uma pesquisa feita entre médicos. E ele atende convênio! É um fofo. Quem diz que humildade não leva a nada?)

A Fá saiu do consultório soluçando de tanto chorar e tentou me ligar várias vezes. Como caía na caixa postal ela resolveu ligar para o namorado, o Fernando. Esta figura é um caso à parte. O Fê cuida sozinho da mãe que tem Alzheimer e leva uma vida pra lá de estressante, mas é das pessoas mais alegres e bem-humoradas que eu conheço. Não é difícil imaginar por quê a Fabíola não queria deixá-lo preocupado, mas ela tinha que falar com alguém.

Como se não bastasse ser bem-humorado o Fernando também é muito sensato. Ele acalmou a Fabíola e disse que, antes de se preocupar, ela devia esperar pela consulta com o mastologista e fazer mais exames para ter o diagnóstico correto.

Já eu, apesar de estar razoavelmente serena, sentia que os exames só confirmariam a minha suspeita: nódulo maligno. Subi ao meu apartamento rezando uma Ave-Maria e logo depois cantando "Nada Te Perturbe", canto de Taizé baseado em uma oração de Teresa de Ávila, tentando me controlar. Minha casa não parecia minha, o tempo estava meio congelado. E por falar em Ávila, logo encontrei meu pai e tentei cumprimentá-lo de um jeito normal.

A Fá chegou em casa com os olhos vermelhos. Nós duas nos trancamos no quarto e ela foi me contando o que havia acontecido. Apesar do nervoso ela estava em pleno controle de si mesma e disse estar pronta para aceitar o que viesse sem se perguntar por quê.

E como é que faríamos com os pais? Não ia ter jeito, tínhamos que contar pra eles. Não somos boas mentirosas. Melhor que eles soubessem da suspeita e depois ficassem aliviados se fosse o caso. Chamamos meu pai para conversar. Ele ficou meio paralisado, mas não surtou. O mesmo aconteceu no telefonema para minha mãe.

A noite foi difícil pra mim. A Fá, porém, dormiu bem. Eu só consegui dormir depois de ter entrado nos e-grupos dos amigos da Igreja pra pedir orações. Sabia que só isso ia me sustentar dali pra frente.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Suspeitas

A tempestade vinha se formando de um jeito meio confuso desde agosto do ano passado. Um belo dia, ao sair do banho no meio de uma de nossas muitas conversas de banheiro, a Fabíola me perguntou, apontando para o seio direito: "Você não acha que este mamilo está um pouco afundado?" "Você está vendo coisa," respondi. Naquela altura do campeonato só mesmo ela enxergava aquilo. Ninguém de fora percebia, nem mesmo eu que a conheço tão bem. E sabendo quanto ela é encanada eu me limitei a tirar sarro.

Já em setembro vi um pequeno afundamento, sim. Ela havia estado no consultório do nosso ginecologista em março e só deveria voltar um ano depois, mas minha irmã não é de deixar essas coisas pra lá. Voltou ao ginecologista por precaução.

Aparentemente aquele afundamento ligeiro, muito ligeiro, não era motivo de preocupação. A Fá é saudável, não fuma, se cuida, não tem casos de câncer de mama na família e tinha só 34 anos. Nada pra se preocupar, mas o nosso ginecologista também não deixa as coisas pra lá. Pediu outra ultrassonografia de mamas além daquela de março.

A ultrassonografia mostrou um nódulo pequeno na mama direita. "Eu não gosto de nódulo" -- ainda lembro da Fabíola reclamando com aquele ar brincalhão de bebê carente que ela faz quando quer mexer comigo. Eu também não, mas tenho uns 5 ou 6 espalhados pelas duas mamas, disse. Já são de estimação. Estão lá e não atrapalham ninguém. Um deles apareceu há alguns anos e sumiu sozinho um tempo depois. Tento monitorá-los uma vez por ano -- quando não enrolo e acabo deixando passar a época certa da consulta.

Na primeira vez que apareceu um nódulo na minha mama eu me assustei, mas depois descobri que é normal as mulheres terem esses nódulos e conviverem com eles. Muitos deles são apenas formações gordurosas que desaparecem sozinhas. Por isso o ginecologista receitou vitamina E para a Fá: provavelmente ajudaria a dissolver o nódulo.

Acontece que o mamilo da Fabíola não parava de afundar. "O bico tá afundado," ela dizia ao sair do banho. "O bico tá cada vez mais afundado," repetia naquele tom brincalhão. Até que em dezembro, com "o bico afundado" de vez, concluiu que tinha de voltar ao médico. Dessa vez, além da ultrassonografia, ele pediu uma mamografia.

As conversas de banheiro iam ficando mais perigosas. Aquele momento do dia em que a Fá chegava tarde da escola e eu ia me preparar pra dormir era muitas vezes o único que tínhamos para um papo de irmãs. Era a hora das novidades, brincadeiras e reclamações. Mas cada vez que a Fabíola levantava o braço direito eu ia notando que a pele do seio repuxava. Comecei a ficar preocupada. Minha pouca cultura no assunto dizia que pele de mama repuxada é mau sinal. "Você já foi fazer os exames?" eu perguntava. "Vou fazer quando entrar em férias," ela respondia. Eu sabia que ela, ao contrário da irmã, não ia deixar o tempo passar pra fazer o exame, mas começava a ter um estranho sentido de urgência. Dizem que "pouco conhecimento é algo perigoso". Quem sabe meu pouco conhecimento de câncer de mama estivesse me assustando um pouco além da conta, mas o fato é que eu comecei a ficar apreensiva.

Eu não queria assustar a minha irmã. A Fabíola é do tipo que quando vê uma reportagem sobre câncer de próstata é capaz de ficar com medo de também ter. Mas eu mesma estava um pouco apavorada. Simplesmente não conseguia imaginar minha vida sem a minha irmã. A morte dos que a gente ama é sempre difícil -- nada mais clichê. Mas pra mim é menos difícil imaginar minha vida sem um dos meus pais. A hora deles está naturalmente mais próxima. Os dois passaram de 65. Mas a Fá... simplesmente não era a hora dela. Muito menos era a hora de eu, muito egoisticamente, viver sem ela.

Quando a Fá nasceu eu tinha 1 ano e 3 meses de idade. Deixei a parentada toda comovida porque, ao vê-la na maternidade no colo da minha mãe, disse: "nenê querido!" A coisa mais fofinha! Obviamente a fofura só durou até ela chegar em casa. Dali em diante parece que foi uma ciumeira só. E de lá pra cá meus pais perderam a conta das vezes em que ouviram a Fabíola chorar dizendo "a Cristiana me bateu!" De fato sempre tivemos a relação às vezes meio alérgica de unha e carne. Os descolamentos dóem, a cutícula machuca quando maltratada, as unhas às vezes crescem demais e às vezes ficam muito curtas. Mas na maior parte do tempo a relação, além de próxima, é harmoniosa. Perder a Fá seria mais que perder um pedaço de mim mesma. Por algum motivo inexplicável depois de adulta, passados os arranca-rabos da adolescência e as complicações de se dividir um quarto, ela voltou a ser a minha bebê.

Não dava pra falar dos meus medos pra ninguém: só para o Rô. Foi só com meu namorado que desabafei. Uma das grandes bênçãos da minha vida é ter um namorado equilibrado. Além de tudo havíamos passado juntos naquele semestre pelo segundo estágio do câncer de mama da mãe dele. Ele só tinha palavras sensatas e consoladoras pra me dizer. Mas eu não sosseguei enquanto a Fá não fez os benditos exames. E acho que aquele foi um dos únicos momentos de "sossego" que tive nos últimos três meses.

sábado, 8 de março de 2008

Diagnósticos - parte I

Minha vida de "canceriana" começou em dezembro de 2007, com 36 aninhos razoavelmente bem aproveitados da minha vinda ao planeta. Trinta e seis, aliás, não é uma idade nem um pouco emblemática pra meio que nascer de novo, que é o processo de parto em que me encontro. Ainda bem. Já pensou que coisa mais clichê dizer que teve que começar a conviver com o câncer aos 35 ou 40? Nada de cincos ou números redondos. Nada de 18 ou 21. Acredito que as coisas acontecem quando têm que acontecer e há muita vida entre os cincos e as dezenas.

Sem mais nem menos o Alim, meu padrasto, foi fazer um exame de próstata de rotina, desses dos quais os amigos machos tiram sarro, e descobriu que estava com um câncer em estágio inicial. Minha mãe havia confundido a data da consulta para buscar o resultado do exame e não estava com ele no consultório. Ligou para o celular dele e ele atendeu com voz cavernosa: o aumento de PSA era mesmo um mau sinal de coisa ruim. Fechado como ele é, não posso imaginar muito bem como é que ficou a confusão emocional na cabeça e no coração dele. Sei que o danado, ao invés de voltar direto pra casa, resolveu "fazer umas coisas" antes de voltar ao trabalho para só depois ir pra casa. Enquanto resolvia esses problemas não atendeu o celular, para desespero da minha mãe. Por que será que certos homens teimam em reforçar o estereótipo de bicho isolado que, ao ter um problema, cuida dele sozinho pra não dar trabalho e acaba alijando do processo os pobres (especialmente as pobres) mortais que o cercam?

Sei que a primeira noite do Alim não foi boa. Faltavam 10 dias para o natal e ele "não queria estragar o momento" da família, por isso pediu à minha mãe que não comentasse seu câncer com ninguém. Sorte minha que tenho uma mãe desobediente -- muito desobediente -- desde a juventude. Ela contou pra mim e pra Fabíola. Senti que tudo se resolveria muito bem pra ele e não me preocupei. A Fá, intuitiva como sempre, disse que tinha certeza de que isso não seria nada e também não se abalou.

O abalo mesmo estava por vir, e viria uns 40 dias depois.